quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A busca de um caminho

O mundo está cada dia mais corrido. São festas, trabalhos, obrigações, milhares de notícias sendo transmitidas por todo tipo de veículo de informação. Quando paramos para pensar em nossas metas, não sabemos nem o que elas significam.

As metas deveriam existir, mas elas mudam constantemente. Somos influenciados por pessoas e noticias que nos fazem repensar a todo momento no que fazer de nossas miseráveis vidas. No fim não fazemos nada, não concluímos nada e o vazio toma de conta do nosso tempo. Ficamos perdidos de tal forma que só nos resta esquecer desses objetivos, em bares, restaurantes, com pessoas igualmente fúteis e com outros prazeres.

O tempo continua passando enquanto você lê isso e repensa nas suas metas falhas.

Eurico Donona


domingo, 22 de novembro de 2015

Rosa.



Me lembro da primeira vez que a vi.
você se lembra dessas coisas, porque se tornam impossíveis de esquecer.
eu tentei esquecer eu juro, fiz de tudo, mas como eu disse é impossível.
ando pela rua e vejo a rosa que me lembra ela.
delicada sim, doce como ninguém, bela como sempre e resistente como toda flor.
menina, mulher, transcende todos os adjetivos conhecidos em minha linguagem.

Quando uma flor floresce, nada é mais importante do que o contato dela com o solo.
tirá-la do solo seria matá-la, seria o ato mais egoísta existente nesse mundo
eis então a rosa, aquela que de longe aprecio, que queria tanto ter comigo, mas
não posso tirá-la de onde ela estiver, quanto egoísmo seria de minha parte.

Eu sei que ela está bem, e isso me causa um conforto diante esta distância dolorosa.
eu sei que ela está bem, e isso me causa um forte motivo para continuar bem
posso viver assim, enquanto vejo a rosa florescer, e isso já me basta
sim, isso já me basta.

Seria tolice dizer que a quero
seria mais justo dizer que espero, um dia quem sabe
uma mensagem daquela rosa, que muitas vezes se esquece de mim
mas eu assim mesmo espero, porque a rosa é tão especial
especial que supera meu orgulho
que silencia meu barulho.

Eu cresço vigoroso em meu solo, observo a rosa em alguns instantes
eu supero o vento e frio, supero-me. observo a rosa
eu sei que esse tempo é o tempo de mudanças e eu observo a rosa
eu me torno melhor e quanto melhor eu me torno eu observo a rosa
a beleza que em mim existe reflete aquilo que reconheço na rosa
e então eu me amo porque amo a rosa
eu sou a própria rosa

Ja que li por um tempo entre as constelações que viveria eternamente
eternamente viverei entre as constelações por um tempo já que li
você não entende o amor se não consegue enxergá-lo em tudo ao seu redor
foi isso o que a constelação me disse, e dito isso, fez-se a ideia
a ideia superou meus medos e suavizou entre minhas próprias células
amor esse que me fez perceber que a rosa, era como eu, e que se fosse feliz
então seria a minha felicidade.

Rosa querida, cresça cada vez mais. rosa querida seja feliz cada vez mais
rosa querida te vi em todos os lugares
pois todos os lugares eram o próprio amor
e o amor a própria rosa.

Rosa querida
obrigado por existir.

Por: Miguel Fontinelli

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O silêncio da paixão


No silêncio do meu caminhar tenho ideias, não são fáceis de transferi-las para a realidade, mas quando colocamos componentes que nos inspiram é preciso calcular e imaginar quais seriam as repercussões na realidade fora de nossas mentes.Desde escrever um simples texto como  escrevo neste momento ou elaborar músicas,abrir um negócio ou até mesma aquelas ideias criativas que invento para conquistar aquela moça.Meu silêncio faz barulhos,como engrenagens de motores de uma fábrica, que produzem cada dia mais, um peão pulando! duas casas para dominar o centro do tabuleiro,abro! a ala da dama, subo! o bispo, posiciono a rainha e lanço! um "cheque-mate", crio argumentos para defender minhas criações,Pronto! Venci! Seria tão bom se aplicado na realidade.É tão bom estar liberto dessas regras morais e éticas da realidade, mas essas liberdades existem apenas na minha mente, não posso prática-las aqui fora, as minhas emoções de tristeza,dor e vingança me motivam a entender suas próprias existências. Por que as  sinto? Por que existem?.Então percebo que toda essa ciência humana exalada no meu interior,não podem ser respondidas pelo "Por Que?"e sim pelo "Como?".Como cheguei nessas emoções e o que as causaram tudo isso?Essa metodologia de questionamento me inspira a querer entender o mundo.No meu silêncio e amargura tento achar padronizações no comportamento humano, comportamento que para os antigos gregos visto como virtude,porém para os doutores biólogos os animais que consideramos inferiores, são tão virtuosos como nós.A razão é almejada por tantos porém seu aspecto físico não é belo, as emoções são rejeitadas por todos mas são tão belas, porém a mais estratégica e astuta de todas as emoções, a minha predileta é a PAIXÃO!

Ela começa lhe seduzir com atenção.
Ela o faz praticar nas noites os amores mais selvagens.
Ela vive em você, faz parte de ti.
Ela procura os corações sadios para depois quebra-los.
Te seduz com beijos e o mais puro carinho e doces toques.
Chupa teus lábios.
Te abraça com força.
Assim que te consome por inteiro, ela te deixa.
Levando parte de sua alma.
E destrói as bases que sustentam tua razão.
A única coisa que ela não leva, são suas lágrimas.

Por: Bobby Fischer


GUERREIRO DE MARATONA - PARTE 2


Euricrátides em seu aspecto marcial, cita ao desconhecido deus:
__ Pelo seio pálido de Atena, tu profanas contra a Grécia!?
Euricrátides lança um sorriso sarcástico e fala:
__ Bem que estavam certos, é preciso de um deus para derrotar os gregos.(Risos)
__ Esta será sua última batalha contra meu povo e um homem-deus!

Euricrátides, firma sua espada, invoca as tempestades solares ao seu favor, enquanto os soldados se enguiçam nas batalhas, na variação de um longo tempo, lutavam a fio sem parar ,sem se entregarem ao sono por dias, enquanto isso os tubarões orbitavam os corpos de guerreiros no mar gélido do Ageu, do céu vinha o lumes pelas ordenanças de Ares, o choque das duas forças o bem e o mau, céu e mar, no grande duelo entre homens e semideuses, soldados e generais, democracia contra a tirania, cada um com suas próprias maravilhas e temores. A lama têm cheiro e gosto de sangue, a chuva cai.

Saladino com voz de trovão fala:
__ Toda Grécia cairá, seus lares serão incendiados, suas águas doces nos servirão de esgoto, e suas esposas serão nossas, assim se concretiza a vontade do Deus Rei!

Euricrátides:
Vamos ver... — murmurou, numa expectativa ansiosa.
__ Jamais, houve tamanho insulto ao seio de nossa terra.
__ Digo adeus ,a minha terra se for preciso, mas devo cumprir minha promessa, caso eu morra, será em batalha. Lembrem-se por que morremos ó minha pátria! Não quero monumentos nem poesias de guerra. Hoje estou aqui para dar esperança aos meus descendentes dos séculos que irão por vir, meu Rei Leon morreu em batalha, e o tempo mostrou que ele tinha razão , e de um grego livre a outro, tão longe de casa e de suas esposas, deram suas vidas não apenas a Esparta, mas por toda a Grécia. Hoje o inimigo sofrerá horrores de nossas lanças e espadas, em memória do rei espartano. Libertarei um mundo do misticismo e tirania, os valores de nossa democracia serão citadas por futuros sábios e mestres.

Saladino:
__ Tu falas, como humano!
__Estivestes entre eles por todo este tempo, preferes viver no amor ilusório, que se destrói e enfraquece os corações dos próprios homens, nós deuses vivemos de nossa maneira desde os primórdios da terra primitiva, antes dos oceanos e céus se formarem, a partir das lutas dos gigantes titãs perpetuamos nossa glória.

                                            


                                              Amas tua política
                                              Ao preço de morrer?
                                              Perante nós?
                                              Os deuses?

Euricrátides:
__ Eu fui encarregado, para manter nossa democracia uma realidade, se tivéssemos nos submetidos ao seu império despótico, todos os demais reinos haveriam de nos desafiar.
__ AVANTE MEUS IRMÃOS! Façam suas fúrias adentrarem nas mentes e corpos de seus inimigos!
__ O sangue derramado, os louvores dos espartanos terá continuação pelos atenienses nesta guerra, do qual bravura e glória, eternamente brilham.

Euricrátides corre em direção do seu inimigo, banhado de sangue dos já feridos e mortos com sua arma adquirida da divindade. Saladino dispara com seus braços ,ventos que talham até o mais forte escudo forjado com ferro e cobre, porém ele corre em direção ao deus, corre, com a mais pura concentração ao que fazer, a
s flechas de ar partiam rapidamente , passando como raios prateados próximo a cabeça do grego, no entanto ele é astuto e rápido demais e consegue desviar dos cortes, um raio dispara de sua espada, por seguinte lança a própria contra Saladino, mais rápido que a luz rompendo a armadura de ouro reluzente, baixando suas defesas e encravando-se na cabeça do deus, e logo todos os cavalos entravam no campo aberto, que mediava entre um rochedo a outro.
A glória do guerreiro da batalha de maratona!
Parecia terminada a batalha, enfim, Euricrátides levantou sua cabeça ao horizonte do oceano, e viu barcos e navios de guerra persas, cobrindo o mar com madeiras, canhões e soldados. Dias terríveis como a Grécia jamais viu, desde a morte do Rei Leon, a realidade dos deuses está na garra de um combate feroz, já no fim do sexto dia de terríveis confrontos, o mais novo general ateniense está dando seu melhor para comandar seu exército contra os estrangeiros espalhados no antigo território de paz, seu coração está pesado de preocupações sobre o que mais está por vir no combate contra uma marinha que parecia nunca acabar, parece que todos os reinos asiáticos estão se aproveitando dos tempos difíceis do Governo de Atenas para os atacarem!
Ao avistar o lado ocidental do mar, outra marinha aparece para o confronto.
Homens vigorosos com aparências físicas definidas: Fortes e altos, encharcados pelo suor do aço e da ira, seus músculos volumosos contraiam ao velejar os barcos, porém tempestuosos e ao mesmo tempo radiantes gritos de guerra entoavam pelo mar de águas negras de sangue, canções de guerra recitadas de forma fervorosa, para algo que estaria por vir. Uma mulher parecia estar no comando.
     Demóstenes subcomandante do exército ateniense, fala:
___ São os espartanos, meu general! E a rainha Gorgan, esposa de Leon está no comando!


CONTINUA...

Por: Bobby Fischer

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O GUERREIRO DE MARATONA – PARTE 1

Euricrátides filho de Anaxandro meio homem e meio semi-deus, que por sua vez filho de Hércules e Europa, foi escolhido pelo próprio Zeus como general dos exércitos de Atenas e Esparta para o contra ataque do exército persa de trinta e mil homens,  com cinquenta e oito barcos bélicos, contra quinze mil homens atenienses em terra e dez barcos de guerra.
Euricrátides tomou frente do exército ateniense,já que os espartanos segundo seus tributos não poderiam entrar em combate por seis dias em memória do Rei Leon morto na batalha de Termópilas .Enlouquecido de dor pela perda de seu amigo Fidípides e seu rei, Euricrátides saltou sem armas para o campo de batalha e num bramido demente e insano, só pensou em vingar-se e investiu sobre as rochas onde Faruk "O severo" da Dinastia persa se encontrava, um fabuloso golpe nas bases rochosas e estremeceu as bases dos montes, destruindo um décimo dos persas, no litoral do Mar Ageu o choque tirou a padronização as ondas. Faruk um homem destemido por natureza, aparentou totalmente inane ao golpe, equilibrou-se,  agitando seus combatentes a não recuarem, pegando sua lança concedida pelo próprio Saladino "Deus da Guerra" dos persas, aspirou um lento e concentrado lançamento em direção a Euricrátides, acertando o seu ombro direito, não satisfeito em feri-lo, Faruk dirigiu para o meio do campo de batalha para aniquilar os melhores combatentes.Um escolhido pelo próprio Zeus, estava de joelhos em poços de sangue,que se enchiam ao derramar ao chão, de origem divina,o general mais consagrado da Grécia, em seu estado de fraqueza extrema, faz um procissão de preces a Ares, fazendo um devoto que levaria cem coroas de imperadores mortos por suas próprias mãos ao templo de Ares. Despertado pela promessa, nasce lavas vulcânicas dos rochedos uma espada em brasa pura, Euricrátides a retira e seu sangue é deixado de correr para o lado externo do corpo.Do alto dos montes os persas e gregos assistiram estarrecidos naquele forte e renascido combatente, Faruk olha para trás e vê a semelhança daquele general, que aparentava mais a um deus do que um simples homem, o céu se obscurece com seus passos,porém seu semblante torna a luzir, e os trovões reinam as nuvens negras, então Faruk pega sua segunda lança e tenta feri-lo,no entanto a linha que se seguia o ataque a espada de Euricrátides concedida por Ares,faz deslocar-se o sentido do ataque,contra golpeando o príncipe persa com sua espada flamejante no coração do futuro imperador persa, nos breves momentos de sua queda ele lança súplicas em árabe, logo após ergueu sua espada e o raios do céu amputaram como navalhas as poderosas embarcações militares persas.Os persas sem seu líder retornavam, o medo os corrompiam com a forma sanguinária do líder grego.Logo os céus abrem uma luz, e desce como meteoro no mar Ageu um ser totalmente divino persa, era Saladino.

CONTINUA...

POR: Bobby Fischer

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Não são só palavras...

Posso me encontrar todos os dias quando acordo. Mas me interrompo com os fones de ouvido, que bruscamente invadem meu ouvido e inundam minha mente com canções que me fazem esquecer por um momento da verdadeira essência de meu ser. Enganando a mim mesmo, todos os dias, sobrevivo. Recebo dos grandes pensadores do facebook minha linha ideológica, não pensar como a maioria é suicídio, mas ainda sim, não percebi que já o cometi. Preciso reaprender a ser, antes que seja tarde demais e eu seja apenas uma simples e apagada terceira pessoa.
 
Viver é um Ofício que nos é garantido na origem, mas pareço ter terceirizado este Ofício, banalizei de forma hedionda o mesmo. Os Joãos parecem estar cientes de que meu modelo de vida não é bom o suficiente, As Marias tem toda razão quando denigrem minhas escolhas amorosas e claro, eu não consigo me enxergar mais porque estou ocupado demasiadamente olhando por detrás das vistas dos Joãos e das Marias.
 
Droga… A que ponto cheguei, joguei a toalha para o que fazia a minha essência feliz. Eu não preciso daquele carro, para levar-me ao trabalho e trazer conforto àquela mulherzinha vulgar que pensa em apenas consumir, consumir roupas, botas, ingressos para shows, minha vida, utensílios tão supérfluos quanto a própria.
 
Eu posso renascer agora, com uma simples palavra, com um esforço único para salvar um pouco de minha dignidade, e lúcido reconstruir minha verdadeira obra. Eu confesso que estou completamente aterrorizado com tal ideia de liberdade, mas tenho sentido-me complementado com o sabor da verdadeira euforia. Posso pegar minha mochila e enchê-la de sonhos e esperanças e rumar em direção ao novo, ao velho, ao pacífico, ao índico, a mim….
 
Eu sou o mais novo elemento do Universo na tarefa de construção. Cabe a mim decidir como farei a minha felicidade. Os grandes malfeitores de meu bem estar, faço questão de distanciar… Agora quero trazer você para mim, quero dividir meu bem mais precioso.. Meu coração. Ele bate… bate… bate…. E um dia há de parar… E enquanto ele bate, quero que possa pulsar vibrações por ti.. E que juntos possamos vibrar em consonância com o Universo.. E finalmente fazer da Vida uma vida de verdadeira e suprema Alegria.. Esqueça meus erros gramaticais meu senhor…
 
Esqueça minha falta de concordância Verbal.. Analise bem… Analise de forma enfática o que te faz feliz… E só o que te faz feliz...


Miguel Fontinelli

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A imaginação


Era um quarto bem grande para um criança. Marcelo conseguia ter uma visão geral de todo quarto quando estava com a cabeça em seu travesseiro. Possuía poucos brinquedos espalhados pelo dormitório e um guarda-roupa gigantesco, assim como também era a cama. Os móveis foram comprados para garantir a duração até quando Marcelo atingisse a adolescência, assim sua mãe não precisaria gastar mais dinheiro por ele não caber mais no seu colchão.

Foi num dia chuvoso que Marcelo recebeu seu primeiro convite para ir ao cinema assistir um filme de terror. Na sala da sessão, com seus colegas de escola, tudo era bagunça e piada. Conseguiram enganar o rapaz da bilheteria, alegando terem esquecido os documentos, e entraram mesmo sendo menores de idade. Garantiram a pipoca com a mesada da mãe e agora começavam a ficar quietos. Parece que alguém se incomodara com as brincadeiras , mas isso não importava mais. O filme iria começar.

As cenas foram assustadoras, mas Marcelo não podia admitir isso e nem transparecer que estava assustado para não ser considerado um frangote. A todo momento lembrava dos espíritos que apareciam pela casa onde o demônio parecia ser o dono. Pessoas que surgiam nas fotos, vultos que transpareciam no espelho, barulhos de pessoas sendo enforcadas, tudo foi criado para mexer com sua fértil imaginação. E os comentários não paravam. Seus colegas insistiam em brincar com as cenas do filme e elaborar possibilidades ainda piores de se pensar.

Sua família já estava dormindo quando chegou em casa. Luzes apagadas. Ele precisava achar logo o interruptor, antes que enlouquecesse de tanto medo. "Cadê a porra do interruptor?" Foi o que ele pensou antes de sentir um sopro no seu ouvido. Acendeu as luzes e olhou para todos os lados. Algo parecia ter passado pelas suas costas. "Merda! Não acredito que estou enlouquecendo! Provavelmente foi uma ilusão." Mentalmente tentava se convencer de que não foi nada, apenas o medo tomando conta de sua razão.

Precisava tomar um banho, mas entre o banheiro e seu quarto, Marcelo preferiu seu quarto. Lá ele poderia se proteger do desconhecido com suas cobertas. E foi o que ele fez. Entrou no dormitório chutando os poucos brinquedos que estavam espalhados no chão, e deitou em sua cama, se cobrindo da cabeça aos pés, mesmo com todo o calor que ainda fazia aquela noite. Deitado, num silêncio absoluto, agora ele ouvia estalos por todas as partes. Uma vez ele leu que isso era resultado da expansão térmica de sólidos e líquidos, mas hoje isso parecia ser coisa do capeta.

A chuva já tinha acabado, mas a força do vento aumentou e agora a janela do seu quarto fazia um barulho como se fosse um assovio do além. "Ahhhh droga!" Ele teria que levantar para fechar a fresta da janela que permitia aquele som. Marcelo não conseguiria dormir assim. Mas e a coragem de levantar? O quarto era muito grande para ficar desprotegido por tanto tempo.

"Coragem, Marcelo". Era o que ele repetia, tentando obrigar sua cabeça a tomar uma atitude contra o medo.

Finalmente ele havia descoberto a cabeça e agora tinha uma visão completa do quarto. O dormitório, que já era grande, parecia maior ainda e o caminho a ser percorrido seria interminável. A janela ficava na outra ponta e o jeito era caminhar com o cobertor para que nenhuma força estranha entrasse em contato.

A aventura ainda nem havia começado e Marcelo tinha tropeçado no lençol. Foi o suficiente para que ele abandonasse seu objetivo e corresse para o quarto da sua mãe. Obrigando ela a acolher o filho naquela noite.

As crianças conseguem se divertir quando se encontram em ambientes considerados chatos por alguns, como mercados, consultórios ou filas de bancos. Eles imaginam que estão em um mundo diferente e assim são bem sucedidos em fugir de ambientes tediosos. Mas essa imaginação não é bem vinda quando a noite chega.


Eurico Donona