domingo, 28 de dezembro de 2014

Alberto e Natasha

Ele levanta de sua cama com a mesma preguiça de meses que vem se arrastando. Sem muitas novidades na sua rotina de poucas obrigações, o homem procura escovar os dentes sem muito comprometimento. Desce as escadas de casa para tomar seu café matinal. Coloca o leite para ferver e olha o relógio. São 8:00 horas da manhã de uma sexta-feira.

Alberto é um rapaz que gosta de se divertir como todo jovem que ainda está amadurecendo, mas já possui algumas responsabilidades. Tem objetivos, assim como todo adulto tem, mas com a exceção de não se conformar com as mesmices de um homem que tenha 39 anos. Julgando por essas características, ele deveria ter uma idade entre 25 anos, e hoje queria provar as suas poucas qualidades para conquistar alguém especial.

Enquanto tomava seu café na cozinha, seu celular recebe uma mensagem. Quem seria uma hora dessas procurando sua atenção? A ansiedade não deixou ele terminar o ultimo gole de leite. Pegou o aparelho e verificou que era Natasha. Um antigo amor que tinha virado amizade. Alberto não aceitava tal condição e ainda tentava arrancar alguns suspiros do passado.

Natasha tinha lhe perguntado se ele iria para o ultimo evento do ano na casa de dança em que os dois se conheceram pela primeira vez. Foi assim que Alberto decidiu, de uma vez por todas, comparecer a mais uma madrugada de novos nomes para se gravar e adicionar em seus contatos de possíveis aventuras amorosas.

O combinado era dele ir buscar Natasha em casa. Chovia muito e havia decidido ir pega-la de carro. O trajeto era contramão da balada, mas a companhia compensava todos os infortúnios do trânsito e o silêncio dentro do carro.

Chegando na casa do seu antigo amor, era como reviver o passado. Ela o aguardava no portão, pois minutos antes havia enviado um sms avisando sua chegada. Foi com um pulo, desviando de algumas gotas de chuva que ainda caiam, que ela adentrou no carro. Era estranho como meses de intimidade ainda poderiam causar um certo desconforto, ao tentar iniciar uma conversa agradável. Isso era rapidamente resolvido com algum comentário sobre o passado que os dois viveram juntos.

Natasha agora confessava que estava namorando, mas isso não tinha afetado muito os sentimentos do nosso motorista. O felizardo era, como de costume entre as mulheres, um cara mais velho, e isso sim incomodou Alberto. Ele sendo alguns anos mais jovem que Natasha, se sentirá trocado por causa da idade. Felizmente isso não causou grandes ressentimentos.

A noite estava ótima, como tantas outras em que passavam juntos. O jogo de sedução havia iniciado cedo. Era interessante tentar convencer Natasha que ele ainda merecia uma segunda chance, mas como era comum nos seus encontros com seu antigo amor, as trocas de olhares sempre terminavam em abraços amigáveis. Como seria bom se ela acreditasse que ele tinha mudado, mas não era hoje que ela haveria de perceber isso.

Fim de festa. Alberto reorganiza dois contatos novos em sua agenda e promete a Natasha que irá deixá-la em casa. A conversa sobre as experiências com as novas pessoas que encontraram na balada, ajuda a encurtar o caminho de volta para a casa dela.

A chuva ainda caia de mansinho e Alberto já tinha chegado no seu destino. Com o carro parado em frente da casa de Natasha, agora só restava se despedir. Mais um abraço amigável e ela desce do carro desejando boa sorte no caminho de volta.

Eram 5:00 horas da manhã quando Alberto saiu de onde havia deixado Natasha. Agora não existiria trânsito, mas o silêncio do carro traria novamente os mesmos pensamentos de outros tempos. Será que ainda haveria possibilidade de beija-la? Será que ela ainda o amaria de novo? Quem sabe. Talvez isso nunca acontecesse. O que resta é descobrir se os dois novos contatos poderiam trazer os mesmos sentimentos que um dia ele teve com Natasha.
    

Eurico Donona

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